Há muitos anos, no
sertão de Itapipoca, vivia um vaqueiro às margens da Lagoa do Juá. Todos os
dias, ao nascer do sol, ele levava a sua boiada e, ao pôr do sol, regressava
com o gado para juntar-se à sua família. Um dia, como todos os outros, o vaqueiro,
após dar um beijo nos filhos e na mulher, seguiu o caminho tranquilo, cantando
e aboiando:
É GADO BOI, É GADO...
No retorno da boiada,
parou na Lagoa do Juá para o cavalo e o rebanho matarem a sede numa cocheira
que construiu com as próprias mãos. Quando se preparava para seguir calmamente
para a casa, viu que as cabeças se debatiam ao chão. O homem correu desesperado,
mas era tarde. Todos estavam mortos. Até o cavalo Joiado se foi. O vaqueiro ficou
inconsolável e, quando ainda gritava de dor, viu de longe o fazendeiro
concorrente fugir com seus capangas pelas matas. Não havia dúvida. O cabra
envenenou a água.
Revoltado, ele jurou
vingança. Voltou pra casa, tirou uma moto velha do quintal, que recebeu como
pagamento de uma dívida. E mesmo sem saber dirigir arrancou a moto invadindo o
pasto do fazendeiro que envenenou seu rebanho. Na tentativa de manter o gado no
pasto, o homem que causou a desgraça do vaqueiro motoqueiro acabou sendo
pisoteado e morto pelo rebanho em fuga. Ao sair dali, às gargalhadas, o
vaqueiro motoqueiro se distraiu e bateu de frente a uma árvore enorme. Morreu
com o gosto de vingança à boca. De tempos em tempos, dizem que ele invade o
pasto com sua moto e acaba com o sossego dos fazendeiros. Assombra a todos com
seu aboio triste e pilotando a sua moto envenenada. Para afastá-lo, os
moradores locais apelam para uma oração: Santo Antonio pequenino, amansador de
burro brabo, afastai a assombração do Vaqueiro Motoqueiro Fantasma para que eu
possa viver sossegado. É assim até hoje
Texto colaborativo de:
Adson Soares Benevides
Janaina Aline Alves
Vilamar Farias
Bruno Cândido
Edinardo Alves
Maria Alexandra
Robson Oliveira
Rodrigo Souza
Laégina de Souza Andrade
Oficina de Escrita Criativa, 24 de setembro de 2013, Itapipoca
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