Toda vez, aqui em Sobral, que um jumento relincha, os galos se sacodem agoniados e os bois mugem em disparada, já se sabe. Chegou à assombração do Machão que Perdeu os Ovos. A bicharada fica afoita porque quando criança esta alma penada tinha o costume de bater, com uma palmatória, nos testículos dos bichos. Ele não podia ver um bode que fosse que salpicava a palmada no coitado.
Certo dia, esse rapaz desmiolado, resolveu se divertir com
um cavalo de raça que tinha chegado à fazenda do pai. Cuidadosamente, levantou
o rabo do animal e quando preparou para dar a sopapo levou um coice que esmagou
os dois testículos dele. A porrada foi tanta que ele desmaiou e só depois
percebeu que o negócio foi tão sério, que a aparência era de dois ovos estrelados.
Bonito que só, ele cresceu diferente dos outros machos. Volta e meia, uma moça se encantava com sua formosura. Mas aí quando ocorria o bole-bole só se ouvia o grito de apavoramento da coitada. A sina já estava escrita e a história se espalhou por Sobral e redondezas. Todo mundo queria conhecer o Macho sem Ovos. Ele foi ficando triste, defiando, até que morreu.
Morreu, nada. De tempos em tempos, ele aparece para assombrar os bichos e os homens. Dizem que ele vem com um pratinho na mão coberto por um pano bordado. Encontra uma moça bonita na praça e oferece o presente. Quando ela abre, só se o eco do grito. São os dois ovos do macho estrelados.
Texto colaborativo criado por
Flávia Oliveira,
Emerson Gomes
Dorinha Oliveira
Cléssia Rodrigues
Oficina de escrita criativa, Sobral, 17 de
setembro de 2013.
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