terça-feira, 20 de agosto de 2013

As Marisqueiras de Canavieiras

Na cidade de Canavieiras, localizada ao Sul da Bahia, onde o cacau valia ouro e o pescado dava em abundância, conta-se uma história de assombro, daquelas de arrepiar a espinha.

Ali, viviam duas irmãs marisqueiras que, apesar de muito parecidas, não eram gêmeas. A mais velha, Valentina, namorava um belo pescador, muito conhecido do povo canavierense. Num mês de agosto, a irmã mais nova, Valéria, inicia, às escondidas, um romance com o namorado de Valentina. 

O segredo duraria pouco. Valentina descobre a dupla traição e decide se vingar da irmã. Fingindo não saber de nada, ela convida Valéria para passear no barco do amado. As duas partem para alto-mar. Lá, toda a verdade vem à tona. As duas se desentendem sem perceber que, uma forte tempestade se forma, e o barco é atingido por uma enorme onda.

As duas se agarram e, antes de morrerem afogadas, decidem que voltarão a Canavieiras para atormentar a vida dos pescadores da cidade.

Desde então, toda noite de lua cheia e maré alta, as irmãs marisqueiras sobem ao caís da cidade. Em noite de luar, surgem envoltas em um pano branco. Elas aparecem lindas e deslumbrantes para iludir a todos os homens que surgem à frente. Dizem que elas servem vinho à beira-mar. O homem que prova da bebida dos deuses fica enfeitiçado e lança-se ao mar para conhecer a morte.

Nas noites de tempestades, essas duas visões de mulheres belas e deslumbrantes somem do caís. Mas a cidade toda ouve um som de toc-toc-toc. 

"Que barulho é esse?", pergunta-se assustada a população. 

Ninguém sabia ao certo explicar.

Num dia, um corajoso e velho pescador segue pelo caís para descobrir o segredo. As Irmãs Marisqueiras ficam ouriçadas com sua presença, oferecem o vinho e ele finge beber. Antes de cair no mar, descobre o segredo. O toc-toc-toc eram elas quebrando os mariscos para que ninguém catasse mais. 

 Ele se aproxima e pede desculpas a elas. 

"Vocês não me reconhecem", diz o homem.

Elas o olham buscando a resposta.

"Sou eu o pescador que causou as suas desgraças"

Elas se espantam.

"Me perdoem. Eu errei, me perdoem"

O homem chora e as Irmãs Marisqueiras se abraçam. Deixam na praia um enorme prato de oferendas cheios de mariscos. As duas dão a mão ao velho e corajoso senhor. Os três seguem para o mar e nunca mais são vistos.

O encanto acabou-se e a abundância voltou a Canavieiras. Nunca mais se ouviu o toc-toc-toc e os mariscos se multiplicaram e daram fama a Canes.


Texto colaborativo criado na Oficina de Escrita Criativa por

Debóra Teles Fontes
Gildeci Carvalho
Albertina Murta
Josicleude Nogueira
Tâmara Costa Evangelista
Júlia Silva Lacerda
Gisele da Silva Santos
Pérola Santos Piedade
Marystela Cruz Ramos

                

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